Por Rodrigo Tosta – ironguides coach, Rio
A tecnologia nos treinos e competições de Triathlon veio para ficar. Porém, em alguns casos, é importante entender que o mundo real não é em ambiente totalmente controlado e nesses momentos você precisa ouvir seu corpo antes de tomar decisões baseadas nos monitores de esforços, como o frequencímetro, medidores de potência, GPS, ou até um simples cronômetro.
Entenda os benefícios de competir e treinar sem qualquer tipo de referência, usando somente sua percepção de esforço.
Nas competições
Enquanto acompanhava alguns atletas em uma competição local, com um percurso de ciclismo bastante confuso, um dos competidores, logo ao sair da transição me falou: “acho que errei o percurso, pois meu Garmin está marcando 42km”. Enquanto isso pode parecer um comentário inocente, esse atleta em questão é um amador de alta performance e tinha como objetivo terminar entre os cinco primeiros colocados no geral.
No caso desse atleta, o pensamento negativo de que ele tinha feito alguns quilômetros a mais era visivelmente uma grande decepção e possivelmente atrapalhou na parte da corrida. Pode ser que de posse da informação do Garmim, ele tenha sido pior se comparado a um atleta sem acesso àquela informação de que tinha feito alguns quilômetros a mais.
Uma vez que a prova deixou de ser perfeita, é mais difícil enfrentar os momentos finais e dolorosos da corrida. Já aquele atleta que está tendo um bom dia, sempre terá uma motivação extra no final da prova e em momentos de desafios.
No dia da prova, eu acompanhava toda a movimentação na sombra de um dos postos de abastecimento e mesmo assim estava difícil de aguentar o calor que fazia naquele dia. Os atletas estavam correndo em uma pista sem qualquer sombra e com postos de abastecimentos limitados, o que tornou a corrida muito desafiadora e o dia muito difícil.
Nesta prova, quem planejou correr em um ritmo de 5’30”/km, por exemplo, provavelmente não conseguiu atingir seus objetivos, considerando que ele estivesse treinando em um clima um pouco melhor nos dias anteriores.
Detalhes como estes dois, tanto medição do percurso da prova nas três modalidades, quanto clima e outros fatores naturais da prova, podem ter um enorme impacto no resultado de sua competição e são aspectos que você não pode controlar. Além desses, entram também nessa lista, dentre outros:
> Você não pode controlar se a natação tem mesmo 1.500m
> Você não pode controlar a marola ou vento na água
> Você não pode controlar a força da correnteza
> Não pode controlar a força do vento no ciclismo
> Quantos retornos de 180 graus, com desaceleração quase que completa, terá no percurso
> A distância exata do ciclismo ou a altimetria da prova
> Calor ou altimetria na corrida
> A distância e a quantidade de postos de abastecimentos na corrida
Poderíamos continuar com diversos outros exemplos de condições e circunstâncias que não está a seu controle, porém cada um pode ter um impacto de alguns minutos em seu tempo final. Portanto, é possível sim, que um Triathlon Olímpico, por exemplo, seja em um caso extremo, onde você poderá fazer até trinta minutos mais lento que a mesma distância, na teoria, em um percurso rápido e com alguns metros a menos.
Um atleta experiente que já participou de diversos eventos, consegue entender e visualizar essas diferenças, seja antes, durante ou depois da prova, porém um iniciante ainda é inocente suficiente para comparar suas parciais durante a prova, com seus objetivos estabelecidos antes do evento.
Mas como acelerar esse aprendizado?
Também, sempre existe aquela possibilidade do eletrônico em questão parar de funcionar durante a prova, seja por falta de bateria no Garmim ou um mal contato no Cateye.
E para finalizar, é preciso entende que não somos contra o uso de monitores ou outros eletrônicos em dias de provas, pelo contrário, em alguns casos é uma excelente ajuda, principalmente para segurar os atletas no início das provas mais longas. A mensagem que queremos passar é simplesmente desenvolver a habilidade de conseguir competir bem sem qualquer referência a não ser a percepção de esforço.
Benefícios nos treinos
De uma maneira simplificada, zonas de treinamentos são estabelecidas baseadas em testes feitos em dias únicos, geralmente em um estado físico relativamente descansado e com uma alta motivação, afinal de contas aquele seu teste determinará a maneira como você deverá treinar nas próximas semanas.
Novamente, entendemos os benefícios de usar monitores em treinos, principalmente para ajudar o atleta a manter o foco nos treinos indoor de ciclismo realizados no rolo. Em alguns casos, ter uma referência e um objetivo gerará um treino de melhor qualidade, pois o atleta fará um pouco mais de forço para atingir determinados objetivos.
Em contrapartida, é importante também entender o lado negativo dessa metologia de treinamento. Começando pelo fato de que o atleta amador, que trabalha e tem família, nem sempre está motivado ou disposto como no dia do teste, portanto é normal que em um desses dias você não consiga atingir as zonas de treinamento desejadas.
Entenda que é absolutamente aceitável treinar um pouco mais lento, e em menor quantidade, do que a série original. No final do dia, você entrará mais em forma treinando pouco, do que não treinando nada. Procure evitar parâmetros de performance como uma influência negativa em sua motivação.
Em um dia ruim, você terá duas opções:
> Não estou conseguindo treinar nas zonas pre-estabelecidas, vou parar com o treino e esperar por um dia melhor.
> Não estou conseguindo treinar nas zonas pre-estabelecidas, vou continuar com o treino, porém um pouco mais lento, pois ainda assim terei benefícios para a minha próxima prova além de ajudar com minha confiança por ter ficado consistente nos treinos.
O outro lado da situação também se aplica.
Em alguns treinos fortes, você conseguirá treinar acima do recomendado, mas pode ser que tenha medo de fazer isso pois estará fugindo da planilha original. Se esse for o caso, novamente use a percepção de esforço para lhe guiar, contanto que você tenha em mente que precisa treinar bem novamente no dia seguinte, não tenha medo de treinar um pouco acima do usual.
Uma situação parecida são nos dias de testes ou provas, atletas que competem usando principalmente o medidor de potência, preferem segurar um determinado número de watts. Mas principalmente em provas curtas, arrisque um pouco, uma ideia é tampar a informação de potência na sua bike e competir apenas por percepção de esforço, é bem possível que seu resultado seja acima do que você conseguiria fazer caso estivesse seguindo uma referência. Mesmo aumentando o esforço, ainda assim, você conseguirá correr bem.
Conclusão, procure desenvolver um sentimento pelo seu esporte, seja nos treinos ou competições, antes de se prender a qualquer tecnologia, pois no dia da prova, vários fatores que não podem ser mensurados entrarão na equação do Triathlon.
Bons treinos!
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Vinicius Santana, Coach Online ironguides
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